Depois de todo o envolvimento das crianças com a antecipação dos acontecimentos chegou a hora tão esperada: A chegada ao Centro Cultural Caixa para a apreciação da Exposição Candido Portinari.
As crianças estavam muito animadas com a possibilidade de registrar os acontecimentos, haviam levado os tablets e pranchetas, porém, não tiveram a oportunidade de usá-los, pois a organização realizada no local contava apenas com o cumprimento das etapas pré estabelecidas:
Fila unica que passou por toda a exposição sem dar tempo para que as crianças olhassem para o que estava exposto.
Todos sentados para que a monitora "explicasse" o que não foi visto por eles.
Durante a conversa algumas crianças se manifestaram:
Talves por inexperiência ou desconhecimento sobre quem é a criança, a mediação nesse momento não foi uma experiência significativa, segundo Maria Carmen Silveira Barbosa existem diferentes culturas nas sociedades, porém elas também estão em permanente movimento, interinfluência e reconstrução. As culturas infantis de ontem são diferentes das culturas infantis de hoje por se manifestarem e se estruturarem em outros tempos e espaços, com outros formatos e conteúdos. Quem sabe seja preciso que as pessoas que atuam nos espaços não escolares sejam informadas dessas proposições para que ao entrarem em contato com as crianças possam enriquecer seus repertórios respeitando seus saberes.
Vamos aproveitar esses relatos para refletir um pouco mais sobre a criança enquanto sujeito e as implicações que esse respeito acarretam:
Segundo Maria Carmen Silveira Barbosa precisamos aprender a trabalhar com a "ética do encontro" , permitindo que escutemos o pensamento - as idéias e teorias, as perguntas e respostas - das crianças e dos adultos e que o tratemos sempre de maneira respeitosa! O outro não está somente lá, ele também está aqui, o que signfica lutar para entender o que é dito, sem idéias preconcebidas sobre o que seja correto ou apropriado. Uma pedagogia da escuta trata o conhecimento como sendo uma construção com perspectiva provisória e não como a transmissão de um corpo de saberes que uniformiza o outro.
Se acreditamos que as crianças têm suas teorias, interpretações e questionamentos, que são protagonistas de seu processo de socialização nos espaços culturais em que vivem e que constroem culturas e conhecimentos , então os verbos mais importantes na prática educatva não serão mais: explicar ou transmitir, e sim, ouvir, compreender, divergir, dialogar, traduzir, formular novos conecimentos.
Nesse contexto ESCUTAR significa estar aberto aos outros, compreender e construir diálogos, acolhendo as diferenças.
Precisamos criar encontros interculturais, construindo uma cultura educacional que incorpore o mundo, criando uma escola que rompa e transgrida com o papel da "Dona Lógica da Razão" ( poema em língua de brincar de Manuel de Barros), que impede as crianças de pensar, falar, poetizar e, assim, contribuir para a novidade do mundo!
Estamos dispostas a tentar? Temos as ferramentas para isso?